Apesar de ser uma bebida de fabrico caseiro, onde reina o empirismo, na medida em que, do ponto de vista científico, são ignoradas as dosagens para a sua produção, o resultado, quase sempre, satisfaz a clientela.
As preferências pelo consumo da "água do chefe” dependem da origem de cada consumidor. Por isso, os produtores variam o tipo de kapuca, que pode ser de cana-de-açúcar, açúcar, banana, milho, maboque e outros frutos silvestres. Segundo as fontes deste diário, a kapuca de maboque e de mais frutos silvestres é mais produzida na região Centro-Sul do país, com destaque para a província do Namibe.
Em Luanda predomina a kapuca de cana-de-açúcar, açúcar e banana, a mais produzida na capital do país. Todos esses factores são tidos em conta pelos revendedores.
A reportagem do Jornal de Angola foi conhecer a história de Chupito German, 54 anos, que há cinco anos se dedica à venda de kapuca de cana-de-açúcar em sua casa, no município do Cazenga.
Trabalhador de uma empresa pública, onde aufere um salário de 100 mil kwanzas, justifica que decidiu vender "água do chefe” para conseguir custear os estudos dos filhos, pelo facto de o salário ser insuficiente.
"Prefiro vender a kapuca de cana-de-açúcar e de banana, porque rendem mais”, admite. Das 6 horas da manhã às 18, de segunda a segunda, é proibido fechar o portão de casa, por ser "um horário sagrado para os clientes da ´água do chefe´”.
Às 4h30 da manhã, conta, ele e a mulher levantam-se, antes de ir trabalhar, para organizarem o quintal de chão bruto, com mesas de plástico e madeira, no sentido de estarem prontos para atenderem os clientes, que são servidos em copos "recu-recu”, vulgarmente conhecidos como "cálice”.
"Cada `recu-recu´ custa 100 kwanzas, e mesmo que o cliente traga o seu vasilhame de um ou dois litros, temos de medir nesses copos até o recipiente encher, para conseguir tirar o lucro, porque se medirmos num outro copo fica complicado controlar a quantidade”, explica, acrescentando que "muitos clientes preferem beber a kapuca ainda quente, logo pela manhã”.
Actualmente, para comprar um bidão de 20 litros de kapuca, Chupito German gasta 20 mil kwanzas, ao contrário dos 12 mil que desembolsava antes da pandemia da Covid-19. Por cada bidão, revela, tem um lucro de 10 mil kwanzas.
"Comecei a vender apenas com um bidão e demorava muito a acabar, porque as pessoas não conheciam a casa. Agora, que sou um pouco famoso, vendo sete bidões em duas ou três semanas, lucrando mais de 50 mil kwanzas”.
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